Jefter Guerra
Da redação
Fotógrafos amazonenses estão cada vez mais ganhando espaço para divulgar seus trabalhos aos amantes da arte visual do Estado. A exemplo, a exposição de fotografia que está acontecendo, até o mês de maio, no espaço cultural Ateliê 23, através do projeto “Ocupação 23”.
Para participar do projeto, oito fotógrafos foram selecionados, criteriosamente pelos organizadores, para expor suas obras, em um total de 21 fotografias, que registram composições das encenações artísticas de peças teatrais e danças realizadas no espaço durante cinco anos, período de sua existência.
E para falar sobre esta experiência, lado profissional, futuro da fotografia e da satisfação de ter suas imagens expostas no projeto Ocupação 23, o site Conexão Amazonas conversou esta semana com o jornalista, fotografo, produtor cultural e produtor artístico da Artrupe Produções, César Nogueira, um dos oito profissionais selecionados a participar do projeto.
“Eu descobri a seleção através do Instagram do Ateliê 23. E nós, da Artrupe, já somos parceiros do Espaço de outros carnavais, em uma troca de trabalho entre artistas. E das fotos que fiz para serem expostas, escolhi uma do espetáculo de dança Viva La Zona, encenada pelos nossos artistas; uma da peça de teatro chamada “Casa de Inverno”; e outra, da “Palhaça Kandura”, personagem da atriz Selma Bustamante”.
Para a escolha das fotografias, Nogueira lembra que usou os critérios gosto e estética. “Entendi que estas fotos se encaixavam no contexto da exposição sobre a cena cultural manauara, que faço parte e documento há anos”, salienta.
História
Filho de fotografo doletante, César lembra que o amor pela fotografia surgiu ao observar o trabalho do seu pai. Mas sua carreira no mundo visual só iniciou em 2006, quando trabalhou como cinegrafista para TV Ufam, em um programa chamado SET Ufam. “Meu pai foi meu estimulo, porque sempre via e mexia nos arquivos de fotos dele. Mas eu comecei a trabalhar na área mesmo, como operador de câmera na TV, que hoje é o site Cine Set ( www.cineset.com.br).
Mercado
Mas César lamente que, por ser um mercado em ascensão, a fotografia no Amazonas ainda carece muito de profissionais. “Acho que é um mercado com um espaço grande, mas ainda com muita carência de profissionais. Mas, mesmo assim, isso ainda é bom para os que estão atuando, principalmente, fotógrafos que trabalham lado a lado com a produção cultura. Porém, não sei como está o mercado para aqueles ligados as empresas e assessorias, que trabalham como freelance”.
Fica a dica
E para quem deseja seguir carreira, César indica que este fotografo iniciante precisa ser empreendedor, fazer contatos e estar sempre esperto nas novidades. “Uma vez que vem muitas pessoas de fora dá o seu olhar na Amazônia. E nós somos amazonidas e acho muito importante contarmos a nossa própria história através da arte visual. Porque há todo um histórico de estrangeiros vindo para cá como o seu olhar, colonizador ou não, registrar o que nosso. Uma vez que, acredito, que está nas nossas mãos fazer o registro sobre nós mesmos”.
Futuro!
César conclui que não sabe o futuro da fotografia, mas que, com a vinda das novas tecnologias, ela está se transformando. “Vejo que o smartphone está propiciando isso. Não só na questão de suporte, levando as Cyber Shots (pequenas máquinas fotográficas) a morrerem, mas também mudando a relação das pessoas com a imagem, uma vez que a imagem é um registro histórico, levando-as a esquecerem disto. Elas estão fotografando para demarcar território, ou seja, para que elas vivenciem a realidade, e se isso não acontecer, não viveram nada”, lamentou.
Mas César cita a ensaísta, Suzan Sontag que, nos anos 70, escreveu um livro chamado Sobre Fotografia, que falava dessa relação das pessoas com a fotografia, mas da época dela. “Mas acredito que tudo o que ela disse no livro, está acontecendo hoje também. Principalmente sobre esta ansiedade das pessoas em estetizar a imagem, que está superando a realidade. Enfim, eu não sei para onde vai a fotografia, mas vamos voltar sempre para a Susan Sontag e para poder entender este caminho”, finalizou ele
Serviço
Com entrada gratuita nos dias e horário de atividades da “Ocupação 23”, a exposição está acontecendo no Ateliê 23, localizado na rua Tapajós, 166, Centro.
Além das obras do fotografo e produtor, César Nogueira, o público também está convidado a apreciar as obras dos fotógrafos Bruno Bastos, Érica Guedes, Fabielle Vieira, Hannah Gonçalves, Kamila Magalhães e Rafael Ramos.
O projeto também oferece ao público espetáculos, exibições de filmes, lançamentos de livros e palestras.